Rádio Freamunde

https://radiofreamunde.pt/

sábado, 21 de julho de 2012

Com o cartaz doutorei-me em Comunicação e Marketing:


José Santos, o autor do cartaz “Vai Estudar Relvas”, não exclui voltar a entrar em acção nos Jogos Olímpicos.

“Vai estudar Relvas” é o lema do momento. O autor chama-se José Santos. O homem que levou a licenciatura de Miguel Relvas ao Tour de França tem 39 anos, vive em Cantanhede, é professor de Educação Física e explicou ao i o porquê do cartaz amarelo que já se tornou viral nas redes sociais, e aparece agora nas mãos de Einstein, José Sócrates, Nelson Mandela, Pamela Anderson, Cristiano Ronaldo...
O que é o levou a mostrar aquele cartaz?
Sou professor de Educação Física e estava efectivo na escola da Figueira da Foz há 20 anos. Há algum tempo recebi uma carta em casa a dizer que já não estou efectivo e que devia concorrer à mobilidade. Para o governo somos só números e não pode ser. Sabia que queria fazer alguma coisa e peguei na gafe da segunda figura do governo. Eu nem acho que os políticos precisem de ter estudos, mas Miguel Relvas mentiu. E lembrei-me: vou pegar pela educação.
Porque é que o fez no Tour?
Já tinha a viagem programada há um ano, aliás, é a terceira vez que lá vou. É um evento espectacular que adoro acompanhar e por ser único, mediaticamente tem muita visibilidade. Sei como as câmaras funcionam. Sabia onde me posicionar e o resto foi sorte. Foi uma sorte a câmara focar-se em mim.
Com as redes sociais a sua imagem chegou a todo o lado, havendo já um movimento no Facebook “Vai Estudar Relvas”. Pensava que ia haver uma disseminação tão rápida?
Não fazia ideia. A primeira pessoa a ligar-me foi um amigo e disse-me que a minha fotografia já tinha milhares de visualizações. E ainda ontem me ligou outro a dizer que esse número tinha duplicado. Até já vi a fotografia do José Cid. Para mim é uma coisa mágica. Até me parece que o Presidente da República falou disfarçadamente sobre isso. Acho que com esta iniciativa me doutorei em Comunicação e Marketing.
Antes disso já tinha participado em manifestações?
Não, nem nas da CGTP. Nós somos um povo pacato, sabemos receber bem e tudo o mais, mas quando é preciso sabemos bater o pé de forma civilizada – não é lá como a Grécia e como a Espanha. Acho que já chega de sermos pisados. Em vez de descer a Avenida da Liberdade às três da tarde – o que é impraticável para quem trabalha – acho que precisamos de outras formas de protesto. Por exemplo pôr os professores a dar aulas ao pé-coxinho.
Sente que com este cartaz representou a insatisfação de muitos portugueses?
Às vezes parece que não contamos nada. Somos só números. Vou ser voluntário nos Jogos Olímpicos em Londres – gosto destes grandes eventos desportivos – e quem sabe? Sou capaz de voltar a aparecer, porque não?
Com o seu protesto, considera que incomodou o governo?
Não sei. Mas isto não pode continuar. Eu se fosse primeiro-ministro já tinha posto o ministro Relvas a correr. Já está a mais.”
Por Catarina Falcão, publicado em 21 Jul 2012 - 03:10 | Actualizado há 18 horas 4 minutos

Sem comentários:

Enviar um comentário